Obesidade e Cirurgia bariátrica

A obesidade é um grave problema de saúde pública. Ela é fator de risco para inúmeras doenças como diabetes mellitus tipo 2, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, dislipidemia, apneia do sono, doenças articulares, pode aumentar a incidência de alguns tipos de câncer e outros. Assim, a obesidade pode reduzir a expectativa e a qualidade de vida das pessoas.

Tratamento da Obesidade

• Clínico
• Balão intragástrico
• Cirurgia bariátrica

1. Tratamento Clínico da Obesidade

O tratamento clínico da obesidade fundamenta-se em intervenções para modificação do estilo de vida, mudanças comportamentais, orientação alimentar e aumento da atividade física. Tendo em vista que cronicamente a obesidade e o sobrepeso acarretam complicações a saúde, quando não há perda de peso apenas com as medidas não farmacológicas, o uso complementar de medicamentos deve ser considerado.

2. Balão Intragástrico - Procedimento Endoscópico

É um procedimento não cirúrgico, realizado por endoscopia, para colocação de um balão no estômago com o objetivo de reduzir a capacidade gástrica. Isto aumenta a saciedade e diminui o volume residual disponível para os alimentos. É um método provisório e deve ser retirado no prazo recomendado pelo fabricante.

3. Cirurgia Bariátrica

É uma cirurgia onde se faz uma alteração no estômago, associada ou não ao desvio do trânsito intestinal, com a finalidade de reduzir a ingestão diária de calorias e a absorção da gordura. Trata-se de um procedimento complexo que impõe mudanças nos hábitos alimentares dos indivíduos. Portanto, é primordial que o paciente conheça muito bem o procedimento cirúrgico e quais os seus riscos e benefícios. Além das orientações técnicas, se faz necessário o acompanhamento do endocrinologista, psicólogo, nutricionista e o apoio da família, em todas as fases do processo.

3.1 - Tipos de Cirurgia Bariátrica:

3.1.1 - Cirurgias Não Derivativas

• Banda gástrica ajustável: uma prótese de silicone em formato de anel é colocada em torno do estômago proximal. O diâmetro interno deste anel pode ser ajustado no pós-operatório através de injeção de líquido em um reservatório situado no subcutâneo. Assim, é possível o controle do esvaziamento gástrico.

• Gastrectomia vertical – “sleeve”: neste procedimento o estômago é grampeado, adquirindo a forma de tubo. Assim, se reduz o estômago em até 80% do seu tamanho natural.

3.1.2 - Cirurgias Derivativas: são aquelas que desviam o trajeto do alimento pelo intestino, o que reduz a absorção de gorduras. Essas cirurgias possuem efeitos independentes da perda de peso ao modificar a produção de hormônios gastrintestinais, os quais podem afetar a saciedade e a secreção de insulina pelo pâncreas. Esse grupo de cirurgias inclui:

• Bypass gástrico (gastroplastia com desvio intestinal em “Y de Roux”): esta é a técnica de cirurgia bariátrica mais praticada no Brasil. Neste procedimento é feito o grampeamento de parte do estômago e um desvio de trânsito na porção inicial do intestino. Isto diminui a absorção da gordura e aumenta a produção de hormônios que promovem saciedade e reduzem a fome.

• Duodenal Switch: é a associação entre gastrectomia vertical e desvio intestinal. O desvio intestinal reduz a absorção de gordura e nutrientes.

Indicação de cirurgia bariátrica

A cirurgia bariátrica está indicada para pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 35 Kg/m² e que tenham complicações associadas ou com IMC maior que 40 Kg/m² e que não tenham obtido sucesso na perda de peso com outros tratamentos. Recentemente, foi ampliada a lista de morbidades para a indicação de cirurgia bariátrica em pacientes com IMC entre 35 e 40 Kg/m² (Resolução no 2.131/15). Estas são algumas das doenças associadas a obesidade:
• diabetes mellitus II
• apneia do sono
• hipertensão arterial
• dislipidemia
• doença cardiovascular incluindo doença coronariana (infarto ou angina)
• insuficiência cardíaca congestiva e/ou cardiomiopatia dilatada
• acidente vascular encefálico
• Outras

Cálculo do Índice de Massa Corporal

É utilizado para definir o grau de obesidade. É calculado dividindo o peso em quilograma pela altura em metros ao quadrado. Segue a classificação:
• ≤ 18,4 = baixo peso
• 18,5 a 24,9 = saudável
• 25 a 25,9 = sobrepeso
• 30 a 34,9 = obesidade grau I
• 35 a 39,9 = obesidade grau II
• ≥ 40 obesidade grau III

A avaliação do endocrinologista no pré-operatório é fundamental para a seleção de pacientes que irão se beneficiar com o procedimento cirúrgico, além do preparo metabólico adequado para reduzir o risco de complicações. No pós-operatório deve-se ter rigoroso acompanhamento do estado nutricional para que a redução de peso ocorra com segurança, evitando a desnutrição.